Jan 2, 2006

e-Gov contra o desemprego



Bruno Ferrari e Graça Sermoud     02/01/2006
Mobilidade para os desempregados. No contexto brasileiro, a frase pode soar de forma contraditória: as pessoas sem emprego têm condições financeiras para desfrutar de serviços móveis? O governo do Paraná assegura que sim. Um levantamento da Secretária do Trabalho revelou que 80% das pessoas cadastradas no banco dos desempregados do Paraná têm telefone celular.
Modelo de governo eletrônico no País, o estado chega a enviar, por dia, 700 mensagens SMS (Short Message Service) anunciando vagas para trabalhadores fora do mercado. O serviço funciona há três anos e começou como cortesia das seis empresas de telefonia móvel que operam na região.
“Era um serviço novo, que nem Governo nem operadoras sabiam como oferecer. Por isso, acabou sendo uma oportunidade de aprendizado para ambos os lados. Mas, agora, já devidamente maduro, pôde ser regulamentado por nós”, avalia Beatriz Lanza, coordenadora da divisão de governo eletrônico do estado.
Licitação feita recentemente estabeleceu o custo de R$ 0,10 por SMS dividido proporcionalmente, conforme a atuação de cada uma das operadoras da região. “Nós loteamos o mercado entre as seis empresas de telefonia móvel, levando em conta as respectivas participações”, afirma a coordenadora. No total, foram licitadas 1,8 milhão de mensagens para o prazo de um ano.
A Secretaria do Trabalho utiliza o software desenvolvido internamente, chamado Simo (Sistema de Intermediação de Mão-de-Obra), que cruza as informações sobre as pessoas que se cadastram no balcão, com as vagas enviadas pelas empresas empregadoras. O candidato a vaga no mercado de trabalho recebe a mensagem e entra em contato com a central de URA (Unidade de Resposta Audível), onde é devidamente orientado.
O sucesso é absoluto
O coordenador do Núcleo de Tecnologia da Secretaria, Joel Ritter Ferreira, conta que o sucesso do programa já se pode quantificar. “A cada 12 mensagens enviadas, uma vaga de emprego é preenchida”, comemora. Ritter comenta que o governo do Paraná já recebeu comissões de outros estados do País, além do próprio Ministério do Trabalho, interessados em entender o modelo, a fim de reproduzi-lo em outras regiões. O coordenador lembra que, mesmo desenvolvido internamente, a secretaria não considera o software proprietário: o código está aberto a qualquer instituição. “Já fomos procurados até pela iniciativa privada”, diz ele.
Além da Secretaria do Trabalho, órgãos como a Ceasa (Central de Abastecimento) e o Detran (Departamento de Trânsito) locais usam a comunicação móvel para falar com a população. “Hoje, chega a 900 o número de agricultores cadastrados no serviço de mensagens, que, além de publicar as cotações do mercado agrícola, alerta para a possibilidade de intempéries tais como enchentes, secas e geadas. Da mesma forma, qualquer pessoa pode verificar a situação do carro no que diz respeito a multas, furtos etc.”, lembra Beatriz.
O Instituto Conip (Conhecimento, Inovação e Práticas de TI na Gestão Pública), segundo o presidente, Vagner Diniz, é outro que aposta na mobilidade como ferramenta do projeto de governo eletrônico. “Web e mobilidade são complementares pela própria capacidade de armazenamento do celular. Eu creio que ambos terão grande crescimento. Mas, no curto prazo, a explosão de desenvolvimento será mesmo no governo móvel”, projeta Diniz, para quem o serviço SMS vem ao encontro da proposta do governo de ser multicanal, oferecendo opções à internet, ainda inacessível para a maioria dos brasileiros.
A projeção dele faz sentido. O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBr) calcula que, atualmente, por dia, pouco mais de 17 milhões de pessoas têm acesso à internet. O número de celulares, que não pára de crescer, ultrapassa 82 milhões, de acordo com números divulgados em novembro passado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

Fonte: http://www.decisionreport.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=31&sid=2
 Acesso em 02 julho de 201

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