Oct 19, 2009

UM DIA HISTÓRICO – Dados Governamentais Abertos

Pela primeira vez no Brasil aconteceu uma ação organizada de disponibilização de dados públicos em formato aberto e um grupo de pessoas interessadas em reutilizar esses dados de acordo com a sua conveniência. Durante esse sábado e domingo, 3 e 4 de outubro, acontece o Transparência HackDay, uma atividade organizada pelo pessoal que atua na Casa de Cultura Digital, em São Paulo, com objetivo de gerar aplicações a partir de dados públicos disponíveis na web.
Essa atividade segue uma tendência mundial conhecida como Open Data, idealizada por Tim Berners-Lee, criador da web, que consiste em tornar os dados cada vez mais acessíveis na Internet, disponibilizando-os de tal maneira que eles sejam compreensíveis também por máquinas para que possam ser reutilizados e transformados para atender as necessidades dos usuários.


O evento que se assemelha ao Transparency Camp, além de conseguir gerar novas aplicações até o final de domingo, vai também criar uma comunidade de desenvolvedores em torno dos projetos que serão desenvolvidos. Segundo um de seus organizadores, Pedro Markun, o evento “pretende começar um movimento de articular uma galera que quer pensar novas formas de atuação política, utilizando dados públicos “ (veja entrevista exclusiva para o blog Governo Eletrônico).
A primeira atividade do evento foi a apresentação do projeto Dados Abertos, por Roberto Agune, coordenador do Grupo de Inovação Tecnológica da Secretaria de Gestão Pública. ELe foi bastante receptivo à críticas e sugestões ao projeto e deixou claro que é um primeiro passo, limitado ainda a uma única instituição, mas espera que os demais órgãos estaduais venham a aderir à iniciativa paulatinamente.
Como W3C, eu falei da importância dos governos se preocuparem em usar padrões que facilitem o reaproveitamento dos dados disponibilizados, seja em CSV, XML, RDF ou de alguma forma que eles possam ser facilmente combinados com outros e reutilizados dando novos significados.
O esforço do pessoal durante o evento agora tem sido grande porque não há dados públicos disponíveis em formato que permite a reutilização. Muitos desenvolvedores tiveram que fazer scrapping de páginas web ou mesmo digitar dado a dado, por exemplo latitude e longitude de equipamentos públicos, porque essas informações não estão disponíveis facilmente. Agune foi pioneiro ao entregar uma base de dados em formato aberto, da Fundação Seade, com diversos arquivos públicos que poderão ser manuseados.



Daniela Silva, outra organizadora do Transparência HackDay, diz que as aplicações que estão em desenvolvimento “são ainda experimentais e têm um sentido de provocação, com certeza até domingo sai alguma coisa” (veja a entrevista exclusiva para o blog Governo Eletrônico em que ela expõe cada aplicação que teve seu inicío durante o evento).

Projetos já com equipe trabalhando:
- banco de imagens da Agência Brasil
- criação de histórico das condições diárias de trânsito em São Paulo
- organização da demanda e oferta de vagas nas escolas públicas
- parlamento aberto, acompanhamento da atuação de parlamentar

Projetos que ainda precisam ser adotados por desenvolvedores:
- adote um buraco, uma espécie de Fixmystreet brasileiro
- comparação de dados de preços de combustíveis
- uso da base de dados de perfis dos municípios do Estado de São Paulo

Por que é histórico?

Há 20 anos, quando Tim Berners-Lee criou a web como nós a conhecemos hoje, foi muito difícil as pessoas compreenderem o que era link, endereço de uma página web e qual a utilidade daquilo. A partir daí, aos poucos as pessoas foram colocando páginas e páginas na Internet e hoje ninguém mais pergunta o que é isso e qual a importância da web, ao contrário, muita gente já não consegue viver sem ela.
Hoje, estamos em uma situação parecida. Pouca gente consegue vislumbrar a importância de se disponibilizar dados na web de forma que eles possam ser re-utilizados. Mas, já começamos a ver serviços realmente úteis utilizando esses conceitos. Fixmystreet no Reino Unido, Apps for Democracy nos Estados Unidos, LeXML no Brasil, Dbpedia na Alemanha são exemplos relevantes da força dos dados abertos.
Esse evento abre uma oportunidade enorme para pioneiros dos Dados Governamentais Abertos colocarem a criatividade brasileira em ação, não só marcando presença internacional, mas principalmente promovendo a cidadania ao gerar novos serviços que o setor público não teria recursos ou interesse para desenvolvê-los, mas que pode disponibilizar os dados para outros fazerem.
De acordo com o Pedro Markun “a gente precisa de dados brutos do poder público, dados na fonte que possam ser re-significados, re-mixados, re-interpretados pela sociedade civil”

Fonte: http://governoeletronico.blog.br/blog/?tag=open-data

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