Mar 16, 2012

A necessidade faz coisas incríveis...

Hoje pesquisando sobre um tema que me deixa absolutamente empolgada, o mGovernment, objeto inclusive da minha pesquisa de Mestrado, deparei com a postagem baixo, que copio na íntegra. 
Em 2009 estive na África, em Moçambique, onde conheci alguns casos de pagamento de pequenas contas utilizando telefone celular. Fiquei encantada! 
Boa leitura!
Bia


Criatividade da necessidade: o queniano M-Pesa

“As inovações tecnológicas virão dos países emergentes”. Independente da definição pontual do termo “países emergentes”, o que importa é que a frase de Francis Pisani é uma conclusão empírica. Pisani é jornalista, professor e investigador de internet desde os seus primórdios. Sob a premissa de que “as novidades não sairão do Sillicon Valley“, garimpou patrocínio e pisou na estrada com Winch5, um projeto em que pretende viajar 35 cidades (dos cinco continentes) entre setembro de 2010 e julho de 2012 pesquisando inovações na tecnologia da informação. A ideia, segundo ele, é entender em que condições nascem as transformações e como as diferenças sociais/culturais do mundo real se manifestarão no mundo virtual.

Por suas andanças, um dos exemplos de inovação que Pisani encontrou foi o do M-Pesa (M de mobile e PESA de dinheiro, em Suahili), no Quênia. Se trata de um sistema de transferência de dinheiro via telefone celular, implantado desde 2007 e que, desde então, cresce vertiginosamente. E aqui começa o conceito de inventividade pela necessidade. O M-Pesa começou quando a própria população adotou a troca informal de minutos de celular para realizar pequenos pagamentos entre si. A Safaricom, braço da Vodafone no Quênia, viu vantagem e entrou na jogada. Puro sucesso. Primeiro, porque estamos falando de um povo em que muito mais pessoas possuem um telefone celular do que conta bancária. E segundo, porque atendia uma demanda fundamental dos centros urbanos: enviar dinheiro aos familiares do interior, com a garantia de que o valor chegaria intacto nas mãos certas (até então, as quantias eram mandadas, geralmente, por motoristas de ônibus intermunicipais).

Funciona da seguinte maneira: a pessoa realiza a operação normal de compra de créditos para celular. Um aplicativo do M-Pesa, instalado no chip do telefone, se encarrega de transferir esses créditos para um beneficário indicado que, por sua vez, vai até uma loja da Safaricom e os troca por xelins. Simples assim. Não há taxas nem quantidade mínima de transferência para ser usuário do sistema.

Já era de se esperar uma reação contrária dos bancos, pelo menos no começo. Tentaram, em vão, brigar judicialmente para parar o serviço. E o velho ditado reinou: se não pode contra, junte-se. Daí nasceu o M-Kesho, uma parceria entre Safaricom e Equity Bank, uma conta bancária integrada ao M-Pesa, que possibilita fazer operações como pagamento de contas, transferências e saques/depósitos da própria conta corrente.

Em novembro de 2011, o número de assinantes chegou a 14 milhões no Quênia e o M-Pesa já estava na África do Sul, na Tanzânia e no Afeganistão. E outros serviços de mobile money começam a despontar pelo mundo. Tenho visto anúncios da Movistar pelas ruas de Barcelona oferecendo um serviço parecido, assim como a Vivo, também da Telefonica, já testa seu mobile payment em São José dos Campos (SP) e Comunidade Palmeiras (CE). Até o Google já lançou seu M-Payment, o Google Wallet. A popularização não tardará. Mas está registrado que os quenianos saíram na frente. Pisani ratificou sua teoria.

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